Fissuras por ataque de sulfetos

Projetos de estruturas de concreto expostas a ambientes quimicamente agressivos exigem atenção especial para assegurar desempenho e vida útil à edificação.
A situação mais agressiva ao concreto armado e protendido é a região de variação e respingos de maré sujeita a molhagens e secagens. Do ponto de vista de produtos e substâncias industriais, os ácidos são os mais agressivos. Os cloretos, por exemplo, presentes na brisa e na água marinha, penetram nos poros do concreto e despassivam as armaduras promovendo a corrosão. Esse fenômeno é muito mais rápido do que a ação dos sulfatos da água do mar ou de esgoto sobre o concreto. O concreto, com a expansão por sulfatos, fissura e expõe a armadura, e essa armadura antes disso já é corroída.
Ainda pode ocorrer deterioração do concreto, por conta de ações e reações internas entre a pasta de cimento e alguns agregados reativos. Os sintomas ou manifestações patológicas externas e visíveis nesses casos são, predominantemente, manchas de corrosão (óxidos ou ferrugem), fissuras, eflorescências (manchas brancas).
Apesar dos ataques químicos poderem levar à deterioração de uma estrutura de concreto, em todas as situações a estrutura deve ser avaliada de maneira geral. Contra as armaduras, os principais agentes direta ou indiretamente agressivos são o oxigênio, o dióxido de carbono e os cloretos. E para manter suas propriedades durante a vida útil das estruturas, o aço deve permanecer totalmente imerso no concreto.
A presença de CO2 causa a carbonatação do concreto e diminui o pH das soluções dos poros para valores próximos de 8, o que pode levar à despassivação da armadura e por consequência a corrosão. Os cloretos agem sem alteração do pH dos poros, mas perdem a passivação da armadura e à instalação do processo corrosivo é iniciada pela formação de correntes eletrolíticas.
Quando há exposição direta da armadura à água ou ao ar, é possível ocorrer a corrosão do aço da estrutura. Os produtos da corrosão são constituídos de óxido e hidróxido de ferro que passam a ocupar, no interior do concreto, e criando volumes muito superiores ao volume original do aço da armadura, em torno de 10 vezes maior que o volume original, causando tensões internas.
Em áreas urbanas, os principais agentes de agressividade são a fuligem, o dióxido de enxofre e o gás carbônico. Nas áreas industriais, além desses agentes e dos cloretos, pode aumentar a agressividade por conta da concentração de nitratos, sulfetos hidróxidos e de amônio, produzidos pelos próprios processos industriais. As estruturas de concreto de refinarias próximas ao litoral são mais suscetíveis ao desenvolvimento de processos corrosivos.